sexta-feira, 2 de abril de 2010

A queda do Eagle 4184

Águia abatida: a queda do Eagle 4184



O Blackbox cobre agora a tragédia do vôo 4184 da Simmons Airlines, empresa regional norte-americana operando como subsidiária da American Eagle, por sua vez, braço regional da poderosa American Airlines.

O vôo 4184 era operado naquela tarde pelo ATR 72-212 de matrícula N401AM. Ele deveria sair do Indianapolis International Airport (IND), Indiana, as 14h10 e chegar ao O`Hare International Airport, em Chicago, Illinois (ORD) as 15h15. O ATR iniciou o taxi as 14h14, mas, devido ao pesado tráfego, teve de aguardar nas pistas de taxi até as 14h55, quando finalmente foi autorizado a decolar. O mau tempo na área provocara durante todo o dia uma sucessão de atrasos. Os céus ao redor de O`Hare, que é o mais movimentado aeroporto do mundo, estavam ainda mais cheios de aeronaves. Todas obedientemente aguardavam liberação dos controles da área para prosseguirem viagem.

O vôo 4184 decolou com 45.338 libras (MTOW 47.400), sendo 11.934 libras de "payload" (obtida pela soma dos pesos dos ocupantes, bagagens e carga) além de 5.060 libras de combustível. O Flight Data Recorder (FDR) mostra que o piloto automático foi acionado quando o ATR cruzou 1.800 pés. As 15h08:33, o comandante solicitou a subida para sua altitude em rota, 16.000 pés. No entanto, as 15h18:07, após cruzar 10.000 pés, o controle de solo instruiu o vôo 4184 a orbitar sobre a intersecção LUCIT, onde ficaria executando um padrão com pernas de 10 milhas de comprimento e curvas suaves no sentido horário.

As 15h17 a tripulação ativou o sistema de degelo (anti-ice) no nível III, um procedimento obrigatório em situações como a que o vôo 4184 poderia enfrentar (temperatura abaixo de -7ºC, com chuva aparente). A velocidade de rotação das hélices foi mantida acima de 86% de potência, outro procedimento obrigatório nessas condições. Traduzindo: os pilotos do ATR sabiam que voavam numa situação de formação potencial de gelo. As 15h24:39, o comandante chamou o controle para confirmar que o ATR "estava inciando as órbitas".

O bimotor franco-italiano voava entre as nuvens, numa condição de temperatura e umidade que provocava o acúmulo de gelo nos bordos de ataque das superfícies de controle (asas e empenagem). Até aí, tudo normal: a formação de gelo é um fenômeno comum. As aeronaves dispõem de dispositivos que podem impedir ou até mesmo remover o gelo que porventura consiga aderir às superfícies de controle. A formação de gelo é um fenômeno potencialmente perigosíssimo para qualquer aeronave. Até mesmo uma fina camada de gelo é capaz de degradar profundamente o desempenho, alterando a aerodinâmica de uma aeronave. As conseqüências podem ir de dificuldades de controle, perda de sustentação ou até mesmo o estol.

As 15h40, o sistema anti-Ice foi reativado no nível III. Fica aparente que o gelo já havia se formado atrás dos "boots" de boracha expandível no bordo de ataque, sistema empregado pelo ATR.

Lentamente, a armadilha para os ocupantes do vôo 4184 ia se formando. Como desgraça pouca é bobagem, naquela tarde, o ATR enfrentaria um fenômeno raro, mas muito perigoso, conhecido como freezing rain (chuva congelante).Freezing rain

CAP: Comandante.
CAP-RDO: transmissão de rádio do comandante ao solo.
CAP-PA: transmissão interna do comandante aos passageiros.
F/O: primeiro-oficial.
F/O-RDO: transmissão de rádio do primeiro-oficial.
CAM: Cockpit Area Microphone - microfone de cabine.
AEC: Transmissão de rádio da American Eagle - Chicago Operations Control.
CTR: Transmissão de rádio do centro Chicago.
INT: Transmissão pelo interfone.
CMRA: Comissária.

15h45:48 - CAP-PA: Ah, amigos, o comandante falando mais uma vez. Eu, ah, lamento informar que o controle de tráfego aéreo nos colocou numa órbita de espera aqui, por aproximadamente mais 20 minutos. Eles estão nos informando que a esta altura, teremos que esperar, mais um pouco. Talvez, ah, talvez mais uns 13 minutinhos no máximo. Vamos mantê-los avisados. E para aqueles com vôos de conexão, é provável que todos os que vão sair hoje de Chicago encontrem seus vôos aguardando, pois quase todos os vôos hoje, nesse aeroporto, apresentam atrasos. Isso é para confirmar que vocês terão boas chances de pegar suas conexões em Chicago. Se isto não for possível, a companhia vai cuidar para que vocês embarquem nos primeiros vôos disponíveis. Gratos pela atenção.

O tempo passa enquanto o ATR descreve um órbita espiral pelo céu. Voando em meio às nuvens, as condições do vôo desagradam aos passageiros e aos pilotos. A formação de gelo é mais uma vez acusada pelos sensores da aeronave.

15h48:43 - F/O: Estamos pegando um pouco de gelo.

A inesperada e prolongada espera faz com que o comandante tenha que fazer uma visita ao toalete.

15h48:57 - CAP: Bom, não consigo mais segurar. Aquele enorme copo de suco está pedindo para sair agora mesmo.
15h48:59 - F/O: Depois de tudo isso, os passageiros vão te olhar feio.
15h48:57 - CAP: Eu sei, eu sei. Paciência. É isso ou faço xixi em cima deles.

Pelo interfone, a comissária menos experiente a bordo chama a cabine de comando.

15h49:12 - INT-CMRA: Oi. Queria saber quanto combustível ainda temos.
15h49:14 - INT-CAP: Quanto combustível ainda temos?
15h49:15 - INT-CMRA: É.
15h49:16 - INT-CAP: Nós temos muito combustível. Podemos ficar aqui em cima esperando um tempão.
15h49:19 - INT-CMRA: Ah, tá bom. Estava preocupada. Talvez tenhamos que alternar para outro lugar, e os passageiros não iriam gostar.
15h49:25 - INT-F/O: Estamos a 60 milhas de Chicago.
15h49:26 - INT-CMRA: Seis, sessenta milhas?
15h49:27 - INT-F/O: É.
15h49:28 - INT-CMRA: Sim, mas eles ainda podem nos segurar, né?
15h49:30 - INT-CAP: Mais uns dez minutinhos.
15h49:32 - INT-CMRA: Só mais dez minutos? Tem certeza?
15h49:34 - INT-CAP: Ééé sim, tenho certeza absoluta disso agora, a não ser que eles mudem completamente de idéia e façam tudo diferente. Que tal isso como resposta precisa?
15h49:40 - CMRA: (irônica) Maravilhosa, como as anteriores.
15h49:44 - INT-CAP: (rindo) Eu sei.

O comandante deixa a cabine e vai para os fundos do avião, onde fica o toalete. Enquanto espera o banheiro ser desocupado, resolve chamar o primeiro-oficial na cabine e fazer uma graça, através do sistema de interfone. Com a colaboração da comissária sênior, chama o seu colega lá na frente.

15h51:22 - INT-CMRA: O comandante quer falar com você.
15h51:24 - INT-F/O: O comandante quer? Alô!
15h51:39 - INT-CAP: Fala, irmão. Tô ocupado com as damas aqui atrás.
15h51:40 - INT-F/O: Ah, sim.
15h51:39 - INT-CAP: Tô ocupado com as damas aqui atrás.
15h51:43 - INT-F/O: Ah, entendi.
15h51:43 - INT-CMRA: (som de um beijinho sendo mandado pela comissária)
15h51:47 -INT-CAP: Se eu não voltar pelos próximos 15, 20 minutos, você sabe o porque.
15h51:49 - INT-F/O: Ok.
15h51:50 - INT-CAP: Ok?
15h51:49 - INT-F/O: Ah, quando estivermos próximos do pouso em te dou um toque.
15h51:53 - INT-CAP: Lá vem você de novo.
15h51:54 - INT-F/O: (risos)
15h51:55 - INT-CAP: Não, sério. Daqui a pouco volto aí, estou só esperando desocuparem o banheiro. Falo com você depois.
15h52:00 - INT-F/O: Ok!

15h54:13 - CAM: Som da porta da cabine abrindo.

15h54:16 - CAP: Sou um novo homem.
15h54:25 - F/O: Acredito.

O comandante retorna à sua poltrona. Amarra o cinto de segurança e escaneia seu painel, tomando pé da situação. Nada mudou. Fora do ATR, a visibilidade é nula. A aeronave voa em círculos por entre as nuvens, aguardando sua vez de iniciar a aproximação para o aeroporto de Chicago O`Hare.

15h54:43 - CAP: Alguma nova mensagem de operações?
15h54:49 - F/O: Não. Enviei outra mensagem dizendo que estamos orbitando.
15h54:55 - CAP: Que merda.
15h54:56 - F/O: É, falei com eles sobre um possível atraso.
15h55:00 - CAP: (longo suspiro)
15h55:04 - F/O: Já deu pra cansar essa espera.
15h55:00 - CAP: Cadê a lista. Cadê a lista de portões para conexões? Será que jogamos fora?
15h55:09 - F/O: Não joguei fora, não.
15h55:12 - CAP: Então como saberemos os portões para conexões?
15h55:14 - F/O: Já vou achar.
15h55:23 - CAP: Você ouviu novamente essa garota, essa controladora nos chamou de novo? Pra onde será que ela foi?
15h55:26 - F/O: Não, não ouvi. Mas ela não pode ter ido muito longe, não.
15h55:30 - CAP: Essa lista de portões... Devo ter jogado fora.
15h55:42 - F/O: E ainda por cima estamos enfrentando formação de gelo.

As 15h55:46, o microfone de cabine capta o som de uma mensagem sendo impressa pelo sistema ACARS.

15h55:47 - CAP: Tome isto.
15h55:58 - F/O: Recebemos uma mensagem?
15h55:59 - CAP: Você recebeu.
15h56:01 - F/O: Mmm... Fala que estima nossa chegada aos 22. Ha, ha.

15h56:14 - CTR: Eagle vôo 184, desça, pode descer para oito mil?

Quase ao mesmo tempo, o cmte. Chama o centro de operações da empresa (AEC, American Eagle Chicago Operations Control):

15h56:15 - CAP-RDO: Chicago, você escuta o 4184?
15h56:20 - AEC: 4184, prossiga.
15h56:27 - CAP-RDO: Ah, estamos falando com o despacho, eles estão cientes de nosso atraso. Estamos orbitando aqui. Eles falam em chegada aos zero-zero (16h00). Impossível, pelo menos mais cinco minutos de prateleira. Mas você pode me informar algo para meu passageiro que tem conexão para Frankfurt, ele está preocupado. Vocês podem me dizer algo?

15h56:30 - CTR: Eagle vôo 184, desça e mantenha oito mil pés.
15h56:31 - F/O-RDO: Desce e manterá oito mil, Eagle 184.
15h56:35 - CTR: Eagle vôo 184, uh, mais uns dez minutos de órbita até ser autorizado a iniciar aproximação, ok?

15h56:48 - AEC: 4184, Ah, ok, recebi uma mensagem do despacho, estimado de pouso aos zero-zero. Você teria o número do vôo de Frankfurt para me fornecer?

O comandante não responde. Ele está concentrado na mensagem do controle, que lhe informa que serão mais 10 minutos orbitando.

15h56:50 - F/O-RDO: Obrigado, controle.
15h56:53 - F/O: Mais dez minutos em órbita.

O comandante então responde ao despacho da American Eagle.

15h56:57 - CAP-RDO: Não, eu só tenho a informação do ACARS, que me diz que o vôo para Frankfurt vai sair do portão K5, se isto lhe ajuda.
15h57:08 - AEC : Ok, vou verificar.

O ATR perde altura como instruído. O primeiro-oficial programa o piloto automático para descer até oito mil pés. O comandante sente a aeronave descer e pergunta, animado:

15h57:16 - CAP: Estamos deixando a órbita?
15h57:17 - F/O: Não, ah, apenas descendo para oito mil.
15h57:19 - CAP: (resignado) Ok.
15h57:21 - F/O: Mais dez minutos, disse ela.

São 15h57:22. O microfone de cabine capta o alarme de velocidade, apitando por 4.6 segundos para informar aos pilotos que o ATR está voando abaixo da velocidade programada, 180 nós. É o primeiro indício que algo de anormal começa a se desenvolver. O gelo formado nas asas da aeronave aumenta o arrasto e diminui sua performance. Numa fração de segundos, começa o pesadelo para os ocupantes do ATR.

15h57:23 - F/O: Ôps... Estou tentando manter 180 (nós de velocidade).

Nesse instante, os sensíveis microfones de cabine começam a captar um som abafado. São pancadas surdas, repetitivas, que começam a se fazer ouvir muito discretamente. O vôo 4184 sai da rotina. O gelo nas asas faz com que a aeronave perca sustentação. O nariz do ATR começa subir. Com o gelo formado no extradorso da asa, as características de pré-estol do ATR ficam comprometidas. O elevado ângulo de ataque inibe a eficiência de atuação dos ailerons e reduz a capacidade de controle sobre a aeronave.

15h57:29 - CAP: Ôooo...

A asa direita mergulha num ângulo de 79º em relação ao horizonte, na prática fazendo o ATR voar quase de lado, "na faca." As ações do primeiro-oficial reduziram esta inclinação para 55º. A seguir, o ATR deu um giro de mais de uma volta sobre seu eixo longitudinal, virando um rápido "tounneau" antes que o piloto conseguisse controlá-lo.

15h57:32 - F/O: Ops, merda!

Depois de nove segundos de luta, o primeiro oficial conseguiu recolocar as asas na horizontal. Mas o gelo cobrou seu preço: as asas do ATR então inclinaram-se para a esquerda, quando a aeronave já passava dos 6.000 pés. O ATR descia num mergulho descontrolado, à uma razão alarmante de 400 pés por segundo, 24.000 pés por minuto. Desse modo, restariam menos de 20 segundos para uma recuperação. O nariz da aeronave agora apontava para o solo com 73 graus de inclinação abaixo do horizonte. O primeiro oficial lutava para tirar a máquina do mergulho. Na prática, conseguiu apenas reduzir o ângulo do nariz para 60 graus negativos (abaixo do horizonte).

15h57:35.2 - F/O: Merda!

15h57:37- O microfone começa a registrar o som da respiração ofegante dos dois pilotos. O ATR entra num estol e, numa fração de segundo, deixa o conforto do vôo controlado para um desagradável, apavorante e pronunciado mergulho. Confusos, surpresos, os dois pilotos lutam contra o susto inicial e tentam tirar a aeronave da atitude de picada.

15h57:40 - F/O: Merda!
15h57:42 - CAP: (ofegante) Ok...

O alarme de altitude dispara na cabine e continua a soar até o fim da gravação. O primeiro-oficial, luta para retomar o controle. O comandante, assustado, apenas pede que algo seja feito.

15h57:44.2 - CAP: (ofegante) Certo, homem... Alivia... Alivia esse mergulho.
As 15h57:48, o primeiro-oficial nivelou novamente as asas. A velocidade já passava de 260 nós. O mergulho provocava uma aceleração medida em 2.5G, duas vezes e meia a força da gravidade. Na confusão súbita do mergulho inesperado, as luzes e alarmes de advertência tomavam conta da cabine. O alarme de excesso de velocidade começou a soar e ficaria tocando até o final da gravação. O ATR embicoava rumo ao solo como um tijolo, acelerando muito rapidamente. A força gravitacional experimentada a bordo passou dos 3G, multiplicando o peso por três, prendendo os aterrorizados ocupantes do ATR firmemente aos seus assentos.

15h57:46.7 - F/O: Ok!
15h57:47.1 - CAP: Alivia esse mergulho!
15h57:47.7 - F/O: Ok!
15h57:48.1 - CAP: Piloto automático desligado!
15h57:49.4 - F/O: Ok!
15h57:52.8 - CAP: Pega leve!

Exatamente as 15h57:54.9, o microfone de cabine registrou o som lúgubre da gravação de alerta do GPWS - Ground Proximity Warning System - indicando a aproximação inexorável do terreno. As forças de aceleração atingiram 3.7G. Numa fração de segundo, o ATR saiu da camada de nuvens, cuja base estava 2.100 pés acima do terreno. Ao avistar o solo, os dois pilotos puxaram instintivamente para sí as colunas de comando. O fizeram com tal força que os limites estruturais da aeronave foram ultrapassados: o ATR começou a desintegrar-se em vôo, perdendo partes do estabilizador horizontal, bem como os três metros finais de ambas as asas, que se partiram nos segundos finais do vôo.

15h57:54.9 - CAM: (GPWS) Terrain, whoop whoop...
15h57:56.6 - F/O: Ah, merda!

15h57:56.7 - O ATR caiu numa plantação de soja em Roselawn, Indiana. O CVR ainda registrou, por mais meio segundo, o som do violentíssimo impacto contra o terreno. Foi o fim da gravação e de todos os ocupantes do American Eagle 4184. Trinta e quatro segundos depois do primeiro indício de problemas, a aeronave atingiu os campos a exatos 692 km/h. O ATR, calculou-se depois, pesava 43.850 libras na hora do impacto.

Nos minutos seguintes à queda, dezenas de testemunhas ligaram para os bombeiros, polícia e autoridades. Os primeiros a chegar ao local encontraram um cenário devastador. A desintegração foi total. Não havia fogo: a severidade do impacto foi de tal ordem que não houve tempo nem condições para uma explosão dos tanques, que se romperam por completo. Apesar disso, a maioria dos ocupantes só seria identificada por exames de DNA.

As investigações da NTSB (National Transportation Safety Board) apontaram deficiências no sistema de degelo do ATR. Além disso, o órgão federal apontou deficiências nos manuais operacionais, tanto na prevenção da formação de gelo como nas medidas a serem seguidas após a formação nas superfícies aerodinâmicas. Apesar de todos estes fatores, a ATR não divulgou no manual de operações da aeronave, informações adequadas, suficientes e relevantes para operações em condições de formação de gelo. Além disso, os manuais de vôo e procedimentos operacionais dos ATR 72 da Simmons Airlines e seus programas de treinamento não faziam menção às dificuldades que os ATR, com suas asas delgadas, enfrentavam em condições de formação de gelo. A própria Federal Aviation Adminsitraton, a famosa FAA, também seria criticada pela NTSB por não se inteirar do assunto devidamente, antes daquela fatídica tarde de outubro de 1994.

O que poucos sabiam é que os ATR eram aeronaves cujos sistemas de degelo simplesmente não eram capazes de remover ou, em certos casos, impedir a formação de gelo. O ATR havia sido certificada pela DGAC (Direction Générale de l`Aviation Civile) da França. Este órgão, saberia-se depois de 31 de outubro de 1994, havia cometido uma série de deslizes e omissões ao certificar o ATR para voar em condições de formação de gelo. Incidentes graves, com perda de controle em vôo e até mesmo a queda de um ATR 42 da Avianova em 15/10/87, matando seus 37 ocupantes, eram avisos mais do que suficientes para que algo fosse feito, com determinação e urgência. A despeito de tudo isso, a ATR foi tímida ao divulgar que o acidente na Itália aconteceu por um motivo aparentemente prosaico: a aeronave da Avianova despencou do céu derrubada pela formação de gelo em suas asas.

Em abril de 1996, a FAA divulgou 18 normas diretivas operacionais (Airworthiness Directive - AD). O objetivo era minimizar os riscos e alterar os procedimentos operacionais. Entre as principais: emprego de velocidades maiores; demais potência nos motores; revisão ds técnicas de recuperação de mergulhos e atitudes anormais; bem como alterações físicas nas sapatas de borracha dos sistema anti-ice dos ATR. Hoje, os bimotores europeus estão modificados e cumprem essas 18 normas. A cobertura das sapatas de de-icing aumentou de 5% para 12.5% da corda das asas.

A AMR, controladora da American Eagle, precatou-se e transferiu gradativamente os seus ATR dos mercados do norte dos Estados Unidos, onde condições potenciais de formação de gelo são frequentes, para os hubs do sul do país, em Dallas, Texas; Miami, Florida e San Juan, Puerto Rico. Nos mercados setentrionais, a empresa passou a operar com seus recém adquiridos jatos regionais ERJ da Embraer.

Finalmente, poderia ter havido algum erro humano na cadeia de acontecimentos que levou à queda da "águia americana"? O NTSB concluiu que não. Os procedimentos adotados seguiram à risca os manuais vigentes. Fatores psico-somáticos nos dois pilotos não foram considerados como contribuintes ao acidente. O comandante, de 29 anos de idade e o primeiro-oficial, de 30, eram respeitados por suas qualidades e atitudes. Ambos foram considerados pilotos "acima da média". Estavam com seus exames médicos em dia, com a carga horária de trabalho em ordem e não tinham problemas pessoais. Exames forenses mostraram que não estavam sob efeito de drogas ou álcool. O comandante tinha 7.867 horas totais, sendo 1.548 no comando dos ATR. O primeiro oficial tinha 5.176 horas, 3.657 das quais nas cabines dos ATR.

As comissárias eram duas: a mais sênior trabalhava na empresa desde 1988. A mais nova havia sido contratada pela Simmons em 6 de outubro de 1994. Passou nas semanas seguintes pelos cursos de treinamento para operar nos modelos Saab 340, Shorts 360 e ATR 42/72. Ela começou a trabalhar no dia 31 de outubro de 1994. O vôo 4184 foi seu primeiro serviço como profissional.

terça-feira, 9 de março de 2010

Eastern 401:mergulhando com os aligatores

Este Black Box traz uma história diferente: é, até hoje, a única história de um desastre aéreo que causou mais espantou com o que aconteceudepois da tragédia. Acompanhe.

Miami, a mais importante cidade da Flórida, é banhada à leste pelo Oceano Atlântico que deu à Miami belas praias, trazendo turistas que impulsionam a economia local. Pelo lado oeste a natureza foi menos pródiga: os Everglades formam uma das maiores regiões alagadas do mundo, um extenso e escuro pântano localizado sob a rota de aproximação oeste para o Aeroporto Internacional de Miami.

A noite de 29 de dezembro de 1972 era típica desta época do ano, cristalina e escura também: era fase de lua nova. Não era possível distinguir céu e terra, pântano e firmamento. A escuridão embaralhava a visão, afetava o julgamento de espaço e distância. As 21h20 decolou do Aeroporto JFK em New York, 1.755 quilômetros ao norte de Miami, o vôo Eastern 401, operado por um L-1011 Tristar, matriculado N310EA, com apenas 4 meses e 10 dias desde que fora entregue à companhia.

Os 163 passageiros à bordo voariam no que havia de mais moderno e confortável: com capacidade para quase 300 passageiros, o Tristar era um dos novos wide-bodies, aviões de fuselagem larga, sensação no início dos anos 70. Na cabine de comando estavam três profissionais experientes. O comandante Robert Loft tinha mais de 30.000 horas de vôo em seus 55 anos de vida, mas apenas 300 delas no comando do Tristar. O primeiro-oficial Bert Stockstill, com 42 anos e o engenheiro de vôo Don Repo, com 51, completavam a tripulação técnica. Na cabine, cuidavam dos passageiros 10 comissários e comissárias.

Doris Elliott era comissária na Eastern. No começo de dezembro de 1972, enquanto trabalhava na galley durante um vôo entre Orlando e JFK, subitamente teve uma visão: um Tristar da Eastern batendo nos Everglades numa noite escura. A sensação foi tão forte que Doris atirou-se numa poltrona vazia e pediu ajuda às suas colegas comissárias. Assustadas, perguntaram à Doris a razão de seu mal estar. Doris respondeu aos soluços: "vamos perder um Tristar nos Everglades... perto do Natal.... vai ser de noite... morrerá muita gente". Suas colegas tentaram acalmá-la.
-Bobagem, Doris: nada disso vai acontecer, disse uma delas.
Não, retrucou Doris com firmeza. "Eu tenho visões. Desde minha adolescência é assim: eu vi um trem colhendo um carro cheio de colegas, cinco dias antes do acidente. Eu vejo as coisas e elas acontecem."
Uma das comissárias perguntou:
-Estaremos no avião, Doris?
-Não. Mas vai ser por pouco.


Eastern 401

No dia 29 de dezembro, Bob Loft acordou cedo e cuidou do jardim de sua casa. Afável, sério e consciencioso, extremamente frio sob pressão, Loft era o piloto número 50 na lista de mais de 4.000 tripulantes técnicos da Eastern. Sua jornada naquele dia seria apenas uma ida e volta entre Miami e JFK.

No aeroporto JFK, Doris aguardava seu último vôo do dia, o Eastern 401 com destino à Miami. Ela chegara a pouco, vinda de Tampa. Outro vôo da companhia, o Eastern 26, estava muito atrasado e traria a tripulação para trabalhar no vôo 477. Como o vôo 26 não chegava, foi necessária uma mudança de última hora na escala dos tripulantes: foi dada a ordem para Doris e suas colegas embarcarem no vôo 477 com destino à Fort Lauderdale via West Palm Beach. A tripulação chegando no vôo 26 seria então alocada ao vôo 401. A troca foi feita e Doris não se queixou: chegaria mais cedo em casa.

Finalmente, com a tripulação transferida do vôo 26, o Eastern 401 pode partir. Ajudado por um vento de cauda, o L1011 tirou parte do pequeno atraso na partida. O vôo transcorreu normalmente. Eram 23:29 e o Tristar manobrava sobre a escuridão do pântano, em aproximação para a pista 09L. Na reta final, ao passar pela marca de 3.000 pés, Stockstill percebeu que a luz de indicação de travamento do trem de pouso dianteiro não estava acesa. A apenas 1.500 pés de altura e a segundos do pouso, o cauteloso Loft comandou uma arremetida. O Tristar ganhou altura e solicitou à torre instruções, recebendo como resposta:

-Eastern 401, suba e mantenha 2.000 pés, contate o controle de saída na freqüência 128.6.

O Tristar executou uma curva para a proa 360 e depois tomou o rumo 270, sobrevoando os Everglades. A tripulação solicitou e obteve autorização para descrever uma série de órbitas, enquanto tentava descobir o problema.

Angelo Donadeo era engenheiro na Eastern, responsável pelos Tristar na frota e fã do moderno jato da Lockheed, que conhecia como poucos. Voava naquela noite como observador na cabine, ocupando o assento extra conhecido como jump-seat. Quando surgiu o problema, Donadeo prontificou-se a ajudar a tripulação. O comandante Loft acreditava tratar-se apenas de uma lâmpada queimada, ao invés de um real problema no mecanismo do trem de pouso.

Para verificar se o trem estava baixado e travado na posição segura, era preciso descer na baía de eletrônicos, situada numa caverna sob o piso da cabine de comando e de lá observar (através de um periscópio especialmente desenhado para esta função) se o trem de pouso dianteiro estaria travado. O acesso à baía era feito por uma escotilha no chão da cabine de comando.

Donadeo e Repo desceram, encontrando dificuldade em enxergar claramente na apertada e escura baía. O Tristar voava no piloto automático, cumprindo sua órbita a 2.000 pés, enquanto a tripulação tentava resolver o problema. Impaciente, Loft ergueu-se de seu assento. Ao fazê-lo, sem perceber empurrou a coluna de comando e desligou o piloto automático, uma configuração de sistema onde bastava um pressão de 15 a 20 libras sobre a coluna de comando para desligar o auto-pilot. Loft e sua tripulação não perceberam que o Tristar iniciara por contra própria uma suave descida, abandonando a altitude de 2000 pés. Prosseguindo na tentativa de resolver o p[roblema, minutos após, Repo e Donadeo confirmaram: o trem estava baixado e travado; o L-1011 poderia pousar com segurança.

Loft e Stockstill voltaram às suas posições. Loft chamou a torre Miami e informou que estava pronto para reiniciar sua aproximação. Já em seu assento, Stockstill examinou o painel à sua frente. Espantado, descobriu que o L-1011 voava mais rápido que o previsto, 190 nós. Olhou para o altímetro, este marcava menos de 100 pés de altitude. Sua voz saiu num tom elevado, denunciando sua surpresa:

-Nós fizemos alguma coisa com a altitude!
-O quê? Perguntou surpreso o comandante Loft.
-Ainda estamos a 2.000 pés, certo?


Loft olhou para seu altímetro. Olhou também para fora: notou um estranho brilho nos visores frontais: as luzes de aproximação do Tristar começavam a ser refletidas nas águas escuras dos Everglades. Eram 23h42:05. A voz tensa de Bob Loft ficou regsitrada no gravador de cabine:

-Ei, o quê está acontecendo aqui?

Às 23h42:09 da noite de 29 de dezembro de 1972, o Tristar matriculado N310EA entrou voando a 400 km/h no pântano. A desintegração foi imediata. A fuselagem partiu-se em três grandes partes, separando-se das asas, motores e da cauda. Muitas partes afundaram e desapareceram de vista. Outras, pedaços desmembrados como gigantesca carcaça, permaneceram sobre as águas, gigantescas lápides a marcar o local onde 99 pessoas perderam a vida estupidamente.

Horas depois, equipes de resgate chegaram ao que restou da cabine de comando em busca dos tripulantes. Stockstill morrera no impacto inicial. Bob Loft, com graves ferimentos na cabeça, várias costelas e coluna fraturadas, fitou os membros da equipe de resgate que tentavam consolá-lo e disse simplesmente: vou morrer. Em mais um par de minutos, Bob Loft perdeu sua última batalha.

O resgate agora concentrava-se em Repo e Donadeo, que ainda estavam dentro da baía de aviônicos na hora do impacto. Finalmente libertados dos destroços pelos paramédicos, foram levados ao hospital. O engenheiro Don Repo resistiu por apenas mais algumas horas. Donadeo sobreviveu, apesar de seus ferimentos graves.

Do luto ao espanto

Doris estava no ônibus da tripulação quando foi avisada do desastre. Imediatamente lembrou-se de sua premonição e irrompeu num pranto descontrolado. A dor atingiu todos da família Eastern, especialmente pelo desastre ter ocorrido na cidade-sede da empresa, Miami. Mas foi em fevereiro de 1973 que a empresa passou do luto ao espanto. Num Tristar idêntico ao acidentado, matriculado N318EA, começaram a acontecer fatos estranhos. De uma hora para outra, tripulantes trabalhando na galley de porão reclamavam que a temperatura estaria fria demais. Essa galley era uma característica única do Tristar, de maneira a permitir uma maior ocupação de assentos na cabine principal. O acesso de tripulantes e refeições era feito por um pequeno elevador.

Uma comissária, Virginia P., trabalhava esquentando as refeições quando notou uma névoa ou halo começando a se formar na galley. Parou o que fazia e olhou com curiosidade para o estranho fenômeno: era como uma pequena nuvem que crescia no exíguo espaço: para seu espanto, começou a se formar dentro dessa nuvem uma imagem. Paralisada de medo, Virginia viu um rosto lentamente surgir: a face do engenheiro de vôo Don Repo.

Virginia, em desespero, subiu para a cabine principal. Atordoada, nada disse aos colegas, exceto que não passava bem. Com medo de ser afastada por insanidade, guardou em segredo a aparição. Mas menos de um mês após, soube de outro incidente a bordo do N318EA.

A volta do Comandante

Certo dia, durante os procedimentos de embarque no aeroporto de Newark, a comissária chefe de um vôo com destino à Miami percebeu a presença de um comandante da Eastern sentado na primeira classe. Conferindo sua lista, não encontrou registro de nenhum tripulante voando como passageiro extra. Aproximou-se e indagou o comandante. Este, com uma estranha expressão no rosto, que misturava um claro desconforto e tensão, olhava fixamente para a frente e não respondia às perguntas da comissária, que começou a ficar irritada. As constantes perguntas sem resposta atrairam a atenção de outros passageiros da primeira classe.

Perdendo a paciência, a comissária foi até a cabine e chamou o comandante do vôo, para que ele tentasse obrigar o estranho tripulante a se comunicar. Ao chegar na poltrona, o capitão do vôo reconheceu o comandante silencioso. Sem se conter, gritou: "Meu Deus, é Bob Loft!" Na frente de todos, a silenciosa figura desapareceu no ar. O vôo foi cancelado, passageiros histéricos tiveram que ser atendidos e acalmados. E com este incidente, a imprensa tomou conhecimento que havia algo a mais nos aviões da Eastern.

O livro de bordo do N318EA, onde as tripulações reportam anomalias, discrepâncias e panes, começou a ficar cheio de anotações como estas:

"JFK... durante reabastecimento... VP da Eastern primeiro a embarcar... cumprimenta comandante no avião... percebe ser Bob Loft... VP sai do vôo."

Vôo NY-Miami... Cmte. Loft visto por 3 tripulantes que tentam falar com ele... Loft não responde e desaparece na frente dos três... avião inteiramente revistado... vôo cancelado."

Os livros de bordo de mais duas aeronaves, o N317EA e N308EA passam a colecionar anotações como estas: "Funcionários da Marriott reabastecendo a galley de primeira classe... saem correndo do avião e recusam-se a voltar... homem com roupa de segundo oficial teria aparecido na galley... e desapareceu em pleno ar logo e seguida."

"Comissária abre o compartimento de bagagens e dá com o rosto de Bob Loft dentro do compartimento olhando fixamente em seus olhos... comissária desmaia... vôo atrasado."

"Co-piloto faz a volta olímpica na aeronave, check pré-vôo... retorna ao ao seu assento na cabine... encontra engenheiro de vôo sentado em sua poltrona... engenheiro diz: "já fiz o pré-check, não se preocupe" - engenheiro era Donald Repo... desapareceu subitamente na sua frente".

Vozes

Esta foi a primeira vez registrada que uma das aparições fala com alguém, mas não a última. Na segunda, um comandante embarcou para pilotar um L-1011 em San Juan, Puerto Rico, e deu de cara com Repo dentro da cabine. Assustado, parou e olhou diretamente para Repo, que teria dito: "Não haverá mais nenhum acidente com L-1011 na Eastern... nós não deixaremos que isto aconteça".

Mas o mais extraordinário aconteceu no N318EA, estacionado em New York num vôo com destino à Cidade do México e Acapulco. Enquanto preparava as refeições, uma comissária viu o rosto de Repo formando-se no vidro de um dos fornos da Galley de porão. Aterrorizada, subiu para a cabine principal e chamou um colega. Decidiram retornar à galley e ao chegar, ambos viram a face de Repo. A aparição disse simplesmente: "Cuidado com fogo neste avião". E sumiu.

O vôo decolou e pousou na Cidade do México sem problemas. Ao dar a partida para a continuação para Acapulco, o motor número três apresentou uma pane séria, obrigando o vôo a ser cancelado. A tripulação técnica foi instruída a trazer a aeronave de volta à base de mautenção de Miami, fazendo o vôo de traslado (sem passageiros) com apenas 2 motores.

No dia seguinte, o N318EA iniciou sua decolagem da Cidade do México com apenas três tripulantes à bordo. Ao chegar na V-R, o motor número 1 explodiu e começou a pegar fogo. O Tristar, voando a apenas 15 metros acima do solo, mal conseguiu evitar os obstáculos e prédios ao final da pista. Minutos depois, tendo ganhado um pouco mais de altitude, a tripulação iniciou o retorno e conseguiu pousar em segurança.

O incidente trouxe ainda mais exposição na mídia ao drama da Eastern. Tripulantes começaram a pedir para serem transferidos de equipamento. Talk-shows na TV começaram a falar insistentemente do assunto. Por outro lado, malucos, curiosos e médiuns faziam reservas para voar nos aviões "assombrados" da Eastern. A empresa declarou que os incidentes eram apenas boatos, desmentindo seus tripulantes. Em carta interna, ameaçava com demissão sumária qualquer nova manifestação ou vazamento de informações para o público ou a imprensa.

Dois fatos provam que algo anormal estava mesmo acontecendo: os livros de bordo das aeronaves N318EA, N308EA e N317EA foram substituídos de um dia para outro, sem maiores explicações. E mais importante, as aparições cessaram por completo no início de 1974, num período de dias.

Causa descoberta

Investigações e documentos comprovam um fato: os três L-1011 citados acima tinham algo em comum. Durante suas revisões de rotina, os três tiveram partes, peças e sistemas trocadas ou substituídas por peças que foram tiradas dos destroços do N310EA. Este é um procedimento usual. Como muitas partes do N310EA foram resgatadas e levadas para um hangar em Miami para os trabalhos de investigação, após a conclusão dos trabalhos, a Eastern recondicionou muitas peças, economizando um bom dinheiro. Todas foram lavadas, recondicionadas, testadas e aprovadas pelos técnicos da empresa.

O primeiro avião a entrar no hangar para um check mais completo foi o N318EA, que portanto recebeu a maioria destas peças tiradas do sinistrado N310EA. Outras aeronaves que também receberam peças foram justamente aquelas em que foram registradas o maior número de aparições: o N308EA e o N317EA. A direção da Eastern percebeu o fato e mandou a diretoria de manutenção retirar todas as peças vindas do N310EA. Foi só assim que Repo e Loft deixaram de aparecer nos Tristar da empresa.

Contato

John G. Fuller, respeitado autor e jornalista americano, é o responsável pela descoberta e revelação ao público de muitos destes fatos. Publicou um livro sobre o assunto, "The Ghost of Flight 401" (1976, Souvenir Press), onde relata todo o drama do acidente e dos fatos que se seguiram.

Relata também o contato feito através de uma médium, Elizabeth Manzione, entre Donald Repo, sua esposa Alice e sua filha Donna.
Fuller conheceu no curso das investigações esta médium, que afirmava estar recebendo mensagens de Repo. Uma sessão mediúnica foi marcada. Fuller anotou todas as mensagens recebidas por meio de uma Tábua Ouidja. Entre estas: "Donna, seja uma boa menina... eu te amo muito." "Sassy, te amo... lágrimas não ajudam... e uma mensagem que aparentemente não fazia sentido: "os ratos já saíram do sótão?"

Impressionado, Fuller contatou a família de Repo e marcaram um jantar em Miami. Cuidadosamente, Fuller foi contando das suas descobertas, até que tomou coragem e relatou as frases anotadas na sessão. Alice, até então cética, explodiu em lágrimas: "Sassy foi um apelido que Don inventou para mim em nossa lua-de-mel e nunca mais usou... e os ratos no sótão aqui de casa... só ele e eu sabíamos.

Todos se emocionaram. Foi quando Alice contou um fato até então escondido por ela. Meses antes do acidente, um telefonema foi dado para a casa dos Repo. Alice atendeu e uma voz masculina disse simplesmente: seu marido Donald morreu num desastre aéreo. Irritada, Alice desligou e virando-se para Donald, que tomava tranquilamente café ao seu lado, relatou a conversa. Repo fez pouco caso: "É um trote estúpido e cruel, Alice. Não ligue para isso."

Meses depois, Alice atendeu outro telefonema. Do outro lado da linha, uma voz extremamente grave. Era um homem dizendo trabalhar na coordenação de vôos da Eastern. Queria falar com Repo, que estava nesse dia de folga em casa. Donald atendeu e depois de alguns minutos disse à Alice: querida, fui chamado para uma substituição. É um vôo ida e volta para New York. Estarei em casa por volta da meia-noite.

Donald saiu para o aeroporto. Uma hora depois e ainda pensando no assunto, Alice tomou um choque: reconheceu a voz grave que meses antes tinha passado o trote. Era a mesmíssima voz que chamara seu marido horas atrás para assumir o vôo. Desesperada, Alice ligou para a empresa, mas o Tristar já havia partido com Donald, no vôo Eastern 401.

Dias após os funerais, Alice foi até a empresa, tentando descobrir a identidade do funcionário de voz estranha que convocou Donald para o fatídico vôo. Foi recebida pelo chefe do departamento de escala, que coordena quais tripulantes farão quais vôos.

O homem calmamente levou-a até uma sala reservada, e com tranquilidade, revelou que ninguém em seu departamento - e até onde ele soubesse, em toda a empresa - havia convocado Donald Repo naquele dia para trabalhar no vôo 401. "Foi uma surpresa aqui no departamento quando ele se apresentou. Já estávamos tentando chamar outros tripulantes em "stand-by" quando Repo apareceu. Foi muito bom para nós naquele dia, mas uma trágica coincidência para Donald. Sinto muito, Sra. Repo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Novo blog

Oi pessoal,eu criei este blog para compartilharmos dicas sobre o Flight Simulator X.Então Publiquem a vontade.Valeu